segunda-feira, 22 de abril de 2013

Não fui eu quem criou essas asas.

Não fui eu quem criou essas asas.
Elas vieram comigo. E embora isso pareça com a imagem de um anjo, de nada tenho dela. É que posso voar e vôo sempre e vôo mesmo. Ninguém nunca viu porque isso não se vê. Isso não é uma pipa no fio, nem um galho quebrado e nem uma antena de tv. É um vôo que não se vê mesmo por que não dá pra ver. Nasci com elas. Foi quando comecei a ver quase tudo de cima. Depende da altura e depende do tempo. O que sei é o que vejo, mas que pode ser dito como o que sinto, porque quando se voa tudo é relativo. Há mais esperança, eu percebo e há mais decisões também. As asas são como um sim quando se quer muito dar um sim. E elas sabem que esse sim é algo bom, mas por serem asas, elas são leves e quase nunca podem ser  levadas em conta, mas também não se angustiam por isso. É a parte boa de ter asas. Não que não seja tão bom voar, mas colocar os pés  no chão exige um equilíbrio que só se alcança com muita experiência, só vemos isso praticamente numa idade avançada. Não é algo que quero antecipar. Quero mesmo que o tempo passe e me mantenha de asas abertas e embora não se possa vê-las, não tem importância, me detenho a escrever para ser lido quando quiser, como um diário de vôo de quem ainda não aprendeu muito bem como se faz pra relatar a experiência de poder voar.

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