sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O que precisar...

Meu nome não lhe diz nada. Meu nome não vai lhe dizer nada. Por que um nome não é um nada. E o meu nome não é nada. Eu não sou útil porque não achei utilidade em ser. Eu não ultrapasso porque não acometo sequer um erro que possa servir. Eu não aponto um caminho porque meus braços são curtos e os meus olhos são baixos. Nada que eu diga vai ecoar. Nada que eu não diga vai faltar. Nada vai permanecer realmente gravado pois já sou uma reprodução. Nada vai necessitar ser perpetuado pois eu apenas me afeto e não penso. Não há uma necessidade de me ouvir. Não há um lugar que eu tenha que estar. Não há uma palavra que eu ainda não disse. Meu nome é um nome que eu escolhi e nada me diz. Meu nome não vai dizer o que deveria dizer um nome. Eu não tenho essa vida que precisa ser vivida. A vida é esse rio. E eu ainda tô chegando lá. Contudo, sendo impreciso e não existindo em nada ainda, meu nome não pode lhe dizer nada e me abstenho da responsabilidade de me conduzir a isso. Pois já estou aqui. Sendo eu, ja sou. Isso é tanto porque o nada é tanto. O nada já é. E nada sou.